A trilha mais famosa da Nova Zelândia e uma das 10 mais famosas do mundo fica na Ilha Norte do país, há 379 km do centro de Auckland, a maior cidade do país.
Para encarar os 19.4km é preciso preparo. Não apenas físico, mas pesquisar a época do ano certa e o que levar são fatores essenciais para não acabar em uma grande cilada.
Nesse post eu dou todas as dicas do que levar, quando ir, onde se hospedar e como ir para lá.
Hospedagem para fazer o Tongariro
Nós ficamos hospedados em Ruapehu, uma cidade próxima do parque em um hotel chamado The Park Hotel Ruapehu. Pra mim foi a melhor opção possível porque eles possuem estacionamento, os quartos são confortáveis, há um restaurante e até jacuzzi para uso dos hóspedes. A conveniência perfeita para depois da trilha.
Além disso, o hotel oferece transfer ida e volta para o parque, o que foi a melhor decisão que fizemos ao invés de ir de carro! Sem dúvida a escolha chave da viagem e que nos custou NZD$55 dólares ida e volta (a entrada no parque é gratuita). A reserva é feita pelo hotel, então se você reservar pelo Booking pode enviar mensagem perguntando do serviço de transfer e já reservar com eles).
Transfer para Tongariro Alpine Crossing
Mesmo indo de carro, a trilha começa de um lado e termina do outro, então não há estacionamento para carros no início, apenas no final. Deixando o carro no final você também precisa pagar um transfer para te levar para o começo da trilha (em abril de 2023, esse transfer custava NZ$50. Você também pode correr o risco do estacionamento estar cheio, já que algumas pessoas começam a trilha por volta das 5h30 da manhã).
Quando você termina a trilha ainda precisa andar alguns metros até o estacionamento, além de comer poeira dos transfers que estão buscando passageiros exatamente no final da trilha.
Por uma diferença de NZ$5 eu recomendaria você reservar o transfer saindo do hotel. Independente do hotel que você ficar, pergunte se eles oferecem serviço de transfer. Alguns hotéis em Whakapapa Village também oferecem possuem transfer.

Quando ir
A trilha fica aberta de novembro a abril pois de maio a outubro neva, então apenas pessoas com experiência podem fazer a caminhada.
Eu evitaria o verão, principalmente dezembro, janeiro e fevereiro por ser uma época muito quente. Não há nenhuma sombra durante o percurso e pode ficar bem difícil aguentar o sol da Nova Zelândia por tanto tempo.
Apesar do risco de passar frio em abril, achei que o dia estava perfeito para nós. Estava frio, mas se você for preparado acho melhor do que fazer embaixo do sol. Eu também não recomendaria fazer com chuva, já que algumas partes podem estar bem escorregadias.
Você pode acompanhar a previsão do tempo nesse site.

O que levar
Além da roupa de acordo com a estação que você for, recomendo:
– protetor solar (mesmo no inverno);
– se for no frio, ums touca ou algo que tampe suas orelhas. O vento pode ser bem intenso dependendo do dia;
– Hiking poles, ou bastão de caminhada, eles ajudam muito nas variações de terreno, além de ser um ótimo apoio. Só um é suficiente. Se você não tiver um e estiver vindo a passeio, melhor comprar por aqui. Achamos na Kmart por NZ$14;
– Entre comida e bebida: 1,5L de água, 1 garrafa de bebida isotônica (tipo gatorade), 2 sanduíches com queijo, presunto e salada (leve mais se você sente muita fome), banana, cassava chips (é um salgadinho meio saudável que tem por aqui), bolacha doce (ficamos com medo de levar chocolate e derreter), castanhas e nozes;
– papel higiênico, ou esses lencinhos de nariz. Os banheiros não tem papel, então é melhor ir preparado.
– álcool gel. Como o banheiro não tem papel, também não tem pia para lavar a mão;
– capa de chuva: nós levamos mas não choveu;
– kit emergência: compramos na farmácia mas não precisamos usar.
Faça a trilha com legging ou calça de trilha e tênis próprio para trilha também. Você pode ter que voltar logo no início do caminho se não se sentir muito preparado.
Tongariro Alpine Crossing – O trajeto

A primeira hora de caminhada – de Mangatepopo Car Park até Soda Springs – é tranquila, sem grandes desafios.
Ao chegar em Soda Springs – uma pequena cachoeira que você pode escolher cortar caminho e adicionar 10 minutos no trajeto para vê-la de perto – começa a subida e a possibilidade de ventos fortes.
Não se engane, nesse ponto as subidas são “leves”. Mesmo assim, recomendo ir no seu tempo e deixar os apressadinhos passarem.
Também perto de Soda Springs está o primeiro banheiro da trilha (depois do início) e a primeira placa de alerta: se você achou difícil até aqui pare e pense se você precisa voltar. E o que eles chamam de “Decision Time”. Essa foi a nossa primeira parada para comer uma banana e castanhas e ganhar energia para o que vinha pela frente. Começa o trajeto de Soda Springs até South Crater.

O trajeto até o topo passa pelas chamadas “Devil ‘s Staircase”, ou “Escadaria do Diabo”, onde a subida é mais tensa, com degraus de pedra que pesam na perna.
Um segundo aviso de “Decision Time” antes da chegada ao topo mostra novamente que caso você esteja cansado, melhor voltar para trás. Daí em diante o caminho é só para frente.


De South Crater você chega até Red Crater, o topo mais alto da trilha, que fica 1.886m acima do mar. As temperaturas podem chegar a 10 graus a menos que Taupo, mas a vista será maravilhosa.
Chegar ao topo dá um alívio danado. Mas pelas informações que eu tinha pesquisado – e como uma boa pessoa desastrada – o meu medo era mesmo a descida, motivo pelo qual não é possível fazer a trilha do lado oposto (do final pro começo).
Começa a parte de Red Crater até o Blue Lake. Não quero assustar ninguém, mas ela era pior do que eu esperava.


Um terreno cheio de pedrinhas fez eu reduzir bem a minha caminhada por medo de cair e me machucar. Algumas pessoas inclusive preferem descer sentadas e sujar toda a calça, principalmente quem tem problema no joelho. De novo o hiking pole ajudou muito, e o tênis para trilha também, já que eu ia dando passos lentos e de lado para evitar escorregar e até esbarrar em outras pessoas. A vista da descida para o Emerald Lakes é uma das mais lindas, mas a tensão do terreno me deixou um pouco nervosa.

Aos poucos chegamos num terreno um pouco mais estável em que era possível caminhar normalmente. De lá caminhamos até o Blue Lake, ponto final desse trecho e importante para fotos.
Até essa parte do trajeto já tínhamos passado por todos os pontos importantes da trilha destacados no mapa, então paramos para comer os sanduíches e dar uma relaxada.

De Blue Lake você vai até o Ketetahi Hut, que tem subida também, mas nada como aquela do começo. E depois de toda essa tensão, você vai encontrar outro banheiro.
Daí pra frente começa a descida até o final (mas não se engane porque tem algumas subidas no trajeto também). Nesse momento você já se sente vitorioso e feliz por ter feito tanto, o cansaço já pesa no corpo e a perna já dá uma cambaleada de leve. Foi quando descobrimos que ainda faltavam 7 km pra descer, o caminho de Ketetahi Hut até o Ketetahi Car Park.

Infelizmente as subidas e descidas são duras e não contam uma distância significativa, por isso o final pesa tanto.
O cansaço faz o cenário passar quase despercebido pelos aventureiros, mas é uma demonstração bem rica das diferentes paisagens da Nova Zelândia: montanhas e o caminho por uma floresta no final demonstram o porquê da trilha ser tão famosa.

Apesar do terreno ser bem menos cheio de desafios, é nesse momento que as pessoas relaxam e acabam pisando em falso e torcendo em pé. Vale ficar atento para não acabar lesionado.
Quando menos se espera a marcação dos 19km aparecem em uma árvore e os 400m finais ficam fáceis fáceis diante de todo o esforço de um dia inteiro. Aqui você vai me agradecer se tiver ido de transfer.
Dicas Finais para o Tongariro
Não menospreze o frio ou o calor. Todos recomendam levar roupas em camadas e como o dia estava frio quando fizemos a trilha (a manhã começou com 6 graus), levei luva e touca. O vento desse país é uma coisa impressionante, então vale se preparar pra valer.
Também recomendo usar todos os banheiros do caminho caso tenha vontade, porque a distância entre eles é relativamente grande. Fica difícil se esconder em algum cantinho caso a vontade aperte.
O transfer nos pegou às 7h da manhã, começamos a trilha por volta das 7h40 e só terminamos às 4h30. Não mude o seu ritmo por conta das pessoas, não deixe de tirar fotos pra terminar mais rápido, faça o trajeto no seu tempo. Eu não sou nenhuma atleta e consegui completar. Apesar do trajeto ser difícil – e de prometer que eu não volto nunca mais – nada paga a sensação de satisfação no final!
